TRAJETÓRIA
Quando eu vim a vida não me mostrou caminhos
Apenas o acaso me esperava
Ninguém na multidão sabia meu nome
Ninguém se interessava por minha solidão
E as lembranças inundaram minha memória
Enquanto eu cumpria minha trajetória
Incerteza e certeza era uma coisa só
Abrindo passagem
Entre a aspereza das pedras no chão
E as vidraças embaçadas dos prédios
Onde eu derramaria meu suor
Para construir minha sobrevivência
E celebro a cidade maldita
Que tritura meu sonho permanente
Que apodrece
Na fumaça das chaminés das fábricas
O apocalipse
É ficar longe do teu sorriso
E antes que essa engrenagem me devore
Amadureço a idéia de te encontrar
Para acabar com tanta solidão
Para saber de que é feito esse azul
Que existe no céu
Dar adeus à voragem que sangra meu coração
E chegar incólume ao meu destino:
Minha cara enterrada no teu sargaço.