Antropofagia
Eu não preciso dizer quem eu sou;
Eu sou!
Eu não preciso dizer como sou;
Eu sou!
Não preciso de nenhuma cultura como padrão,
Não é questão de pele, é bem mais uma opção.
Vamos fazer do lobo um animal de estimação.
Já roubei as suas armas agora te tenho na mão.
Não tô nem aí pro que você pensa de mim,
Só vim pra dizer que a hora e a vez são aqui;
Aproveitei sua cultura e fiz uma reciclagem
Usei o que era bom, ainda mudei a embalagem.
Fiz uma releitura e modifiquei seu texto,
Regras de etiqueta, aprendi só por pretexto.
Usando suas armas organizei minha guerrilha;
Agora eu tô no comando, ‘cê caiu numa armadilha
Li todos os seus livros, freqüentei suas escolas,
Aprendi, seu jogo, agora chegou minha hora.
Com suas próprias teorias aniquilo seu mal;
Já tomei seu microfone, tô no comando geral.
É o bombardeio na mente, perfurando a armadura,
Minha voz pouco a pouco abalando a estrutura.
Trago força e coragem do meu povo antepassado
Que está sempre apoiando, lutando lado a lado.
Se um canudo é preciso ele já ta na mão;
Fui no fundo, apostei, e não vi solução.
Agora 'tá a hora de você conhecer
A força do meu povo e então vai perceber
Que pra falar de negro 'ce tem muito o que aprender,
Porque você não me conhece e eu já conheço você.