A CIDADE

Solidão começa

O dia, vírgulas, repetições

Obsessão

A maquinolatria sobre a cidade

Com suas vias de vida e morte

Avessas ao protesto, à revolta

Alternam-se horror e esperança

Dentro dos edfícios da cidade

Que sobrevive às noites feitas de sangue

Nenhum espanto

Quando o sol se põe e a paisagem

É preenchida com o símbolo da morte

Decrepitude, aversão

A cidade se torna a estupidez e a violência

Sentidas e reinventadas

Em qualquer esquina da rua

Cheia de mendigos, pivetes e marginais

Estranhos bichos

Que insistem em tornar

Desagradável e suja a vida na cidade

Solidão recomeça

O dia, vírgulas, repetições

Pretexto

As velhas sementes do preconceito

E ainda mais a fecunda estagnação

Parindo obscurantismo, provações, inveja, barbárie

E nenhuma reação

Pó , escarro, corpos suados

Sonhos descendo ladeira abaixo

E ninguém imagina um modo de ser feliz

Na infeliz cidade.

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 24/02/2008
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