Pés descalços

Vive de esmola da destreza

o voraz urubu no entulho

como a fome devorou-te a tristeza

o pachola peca no empecilho

o bêbado te defeca um filho

As fezes- favela é brasão da pobreza

As vezes- festeja em proeza

entre o papel higiênico,

o indecifrável achado alimento

isso nem é o princípio do tormento!

Na labuta sudorípara um leite derramado

mesmo o poder não retarda o culpado

que inventa uma nova verdade

e vedado, é-se vendida a saudade

Seu crepúsculo pinta o céu

na delicadeza da pintura de um soldado

de oculta tens o véu

da meretriz prostituta de luxo

no deserto pela serpente é tragado

a derrota como um catador de lixo

Não é este o meu fatídico sonho?

Mas a poétria é o meu estado!...

Shades
Enviado por Shades em 21/02/2008
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