Pés descalços
Vive de esmola da destreza
o voraz urubu no entulho
como a fome devorou-te a tristeza
o pachola peca no empecilho
o bêbado te defeca um filho
As fezes- favela é brasão da pobreza
As vezes- festeja em proeza
entre o papel higiênico,
o indecifrável achado alimento
isso nem é o princípio do tormento!
Na labuta sudorípara um leite derramado
mesmo o poder não retarda o culpado
que inventa uma nova verdade
e vedado, é-se vendida a saudade
Seu crepúsculo pinta o céu
na delicadeza da pintura de um soldado
de oculta tens o véu
da meretriz prostituta de luxo
no deserto pela serpente é tragado
a derrota como um catador de lixo
Não é este o meu fatídico sonho?
Mas a poétria é o meu estado!...