TELE... O QUÊ não, o título é " BRASILEIRINHO "

BRASILEIRINHO

Brasileirinho, com todo o respeito,

Como diria... é o sujeito,

Produto de uma mistura de raças,

Apreciador de cachaça.

Gosta mesmo é de futebol

E churrasquinho de gato,

Não pode tomar Skol,

Consome do mais barato.

Fuma o de um real,

Sem mesmo pedir a marca,

Nunca provou bacalhau,

Usa sandálias sem marca.

Produz filhos sem parar,

Seu esporte é pescar,

No boteco, toma cerveja,

Só fala " borrachas " na mesa.

Condução é a " magrela ",

O de melhor situação

Tem Brasília amarela,

Ou aquele velho Fuscão,

Outra opção, um Chevette,

Ou um Fiat cento e cinquenta e sete.

Paga as contas com atraso,

Com altas multas e juros,

Compra, se for a prazo,

Pois pobre só anda duro.

Porém, sem condição,

Tem celular pendurado,

Só recebe ligações...

Celular não tem fiado.

Segundo colegial,

Como era antigamente,

É o seu máximo grau,

Cultura, sempre ausente.

Atendimento de saúde,

Se assim podemos chamar,

O aproxima do ataúde,

SUS é seu plano familiar.

Distração para a família,

É apenas televisão,

Graças às Casas Bahia,

Comprada a prestação.

E quanta coisa errada,

Se aprende na sua telinha,

População é ferrada,

Sempre sem capital,

Com lavagem cerebral,

Da mídia, erva daninha.

Quer comprar tudo o que vê,

Nos intervalos da TV.

Brasileirinho trabalha,

Labuta a semana inteira,

É dura sua batalha,

Mas, de qualquer maneira,

Chegando o fim-de-semana,

Esquece do sofrimento,

Tem futebol, churra e cana,

E neste mesmo momento,

Tem batucada e pagode,

Então diz pra si mesmo,

Com aquele bafo de bode :

- Bão mesmo, é pão com torresmo !

Do governo, leva ferro,

Não liga pra situação,

Quando muito, solta um berro,

Ou pronuncia um palavrão.

E assim vai levando...

Aos trancos e barrancos

E ainda se gabando :

- Não devo pra nenhum banco !

Dever como, meu caro mano !

Se não pode fazer cadastro,

E o gerente avisando,

- Não aceito o do padastro !

Mas no fundo, é gente boa

E vive sonhando à toa,

Pois pra ser rico um dia,

Só se fôr na loteria,

Trabalhando não vai ficar,

Então o negócio é apostar.

E esta gente, coitada...

Não leva culpa de nada,

Não teve oportunidade,

De nesta vida vencer

Conhecer felicidade...

Pois nasceu para sofrer.

Auro.