Aconteceu na LOTAÇÃO 1917
Foi quando todos os que ali estavam
em pé ou sentados,
decidiram por telepatia não seguirem mais
o mesmo itinerário diário.
O motorista entendeu o sinal e numa
manobra magistral adentrou-se em um caminho
que nunca lhe havia surgido em trinta e cinco anos dirigindo.
Era um tarde de vento seco,
No céu cintilava blumas de fogo,
as nuvens se afastaram
formando um clarão, de onde saíam raios gélidos
que pairavam sobre a atmosfera terrestre.
E foi neste instante, quem estava por perto conseguiu
presenciar a magia daqueles que por coragem,
decidiram não mais voltar ao rumo de suas vidas,
dariam um plumo às suas vindas e idas.
A Maria nunca mais iria cozinhar com vontade de parar,
O José ia parar de reclamar, o Souza, da pouca grana, a Cristina, de quem não lhe ama, o João, de fumar.
A Dirce daria mais um tempo,
A Ana acabaria com teu sofrimento,
E todos concordariam que
não mais assistiriam a jornais nacionais
que aumentam as classes desiguais.
E, no mais, conseguiram enxergar
que,apesar de fenômenos imprevisíveis
outros mundos são possíveis,
que a mesma biosfera espera
a antroposfera que cada qual faz de si,
Que o social , clama, todos juntos por ti.
Eu, nada mais vi, pois,
covarde, da lotação, desci.