Matuto

Segue em passo lento, o matuto.

Cantam cotovias, a noite se anuncia.

Chapéu de palha descobre a testa,

suor empapa a pele morta.

O peito recebe o queixo de lábios mudos.

Café maduro seca no terreiro,

crianças nuas correm a esmo.

No fogão, a lenha crepitando,

na chapa, panela vazia.

No pé, o feijão secando.

Campos secos, vacas magras,

cavalo sem arreio,

o arado a espera do Banco.

Governo confiscando.

Mulher no tanque,

sorriso sem dentes,

no ventre, criança chegando.

Cai a noite, tudo silencia.

No céu, a lua.

Aqui, terra fria...

Asta Vonzodas
Enviado por Asta Vonzodas em 01/02/2008
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