Matuto
Segue em passo lento, o matuto.
Cantam cotovias, a noite se anuncia.
Chapéu de palha descobre a testa,
suor empapa a pele morta.
O peito recebe o queixo de lábios mudos.
Café maduro seca no terreiro,
crianças nuas correm a esmo.
No fogão, a lenha crepitando,
na chapa, panela vazia.
No pé, o feijão secando.
Campos secos, vacas magras,
cavalo sem arreio,
o arado a espera do Banco.
Governo confiscando.
Mulher no tanque,
sorriso sem dentes,
no ventre, criança chegando.
Cai a noite, tudo silencia.
No céu, a lua.
Aqui, terra fria...