NOSSAS FERIDAS!

São somente nossas, reservadas, de estimação

São coletivas, no inconsciente e ninguém sabe

Tão entranhadas e tão profundas, essas pisaduras

E dizem respeito a cor, sexo, condição e/ou preconceito social...

São históricas como as daqueles vencidos naquela guerra do Paraguai

Como as do sonho Farroupilha, no Sul, no Norte Canudos e Palmares

Que diremos de Cristãos e Muçulmanos, fanáticos, nas Cruzadas?

Poderão ferir todo o mundo se não forem curados de suas feridas

Os mais fracos, perdem a guerra mais não perdem a pose

Se fortalecem para os embates vindouros

As feridas estão ainda abertas, sem nenhum ungüento

Guerras deixam marcas profundas até nos carrascos!

Cuidemos para não provocar mais estragos na ferida alheia

Porque nas nossas, nós mesmos estamos a lhes arrancar as cascas

Dizem que chumbo trocado não dói

Mas, mutuamente, estamos, profundamente, a nos ferir todos os dias

Com conseqüências imprevisíveis

Um lembrete: não se cura de feridas, provocando mais feridas nos outros!

Pelo conrário: nos curamos, curando outrem!

Sobradinho-DF, 01/02/08