ANOS DE CHUMBO
QUANTA GENTE SOFREU,
QUANTO IRMÃO DESAPARECEU,
NOS PORÕES DA DITADURA.
PRESO, ALGEMADO,
INJUSTAMENTE LEVADO,
PELOS ALGOZES DA TORTURA.
OS GEMIDOS DA DOR
DO QUEM BATE SEM PUDOR,
NA BASE DA COVARDIA.
A FOME, A HUMILHAÇÃO,
NO DURO CHÃO
DA CELA FRIA.
DUAS DÉCADAS PERDIDAS
ABRIRAM FERIDAS,
QUE JÁ MAIS SE FECHARÃO.
FILHOS QUE NUNCA VOLTARÃO
MÃES QUE CHORAM DE SAUDADE,
A HERANÇA DA IMPUNIDADE
PERSEGUIÇÃO A JORNALISTAS,
ESTUDANTES, ARTISTAS,
QUE FORAM PRO VINAGRE.
AGULHADAS DE ALFINETE,
O IMPIEDOSO CACETETE
E PONTAÇOS DE SABRE.
OS COTURNOS PESADOS
QUE PISARAM O PASSADO,
DE TEMPESTADES E TORMENTAS
MARCAS QUE AINDA ARDE
PELOS PUNHOS COVARDES,
DOS ANOS SETENTA.
O GOLPE QUE CALOU FUNDO,
FORAM OS ANOS DE CHUMBO
QUE MANCHOU A NOSSA HISTÓRIA.
BRASIL DOS COMBALIDOS,
PRIVADA DOS ESTADOS UNIDOS
POVO DE LUTA INGLÓRIA.
QUANTAS PESSOAS DO BEM,
DESPACHADOS PRO ALÉM
SEM DÓ NEM PIEDADE.
ADEUS GOVÊRNO DE FARDA,
A JUSTIÇA FALHA E TARDA,
QUIÇA UM DIA A LIBERDADE.
AUTOR: VAINER DE ÁVILA