ANOS DE CHUMBO

QUANTA GENTE SOFREU,

QUANTO IRMÃO DESAPARECEU,

NOS PORÕES DA DITADURA.

PRESO, ALGEMADO,

INJUSTAMENTE LEVADO,

PELOS ALGOZES DA TORTURA.

OS GEMIDOS DA DOR

DO QUEM BATE SEM PUDOR,

NA BASE DA COVARDIA.

A FOME, A HUMILHAÇÃO,

NO DURO CHÃO

DA CELA FRIA.

DUAS DÉCADAS PERDIDAS

ABRIRAM FERIDAS,

QUE JÁ MAIS SE FECHARÃO.

FILHOS QUE NUNCA VOLTARÃO

MÃES QUE CHORAM DE SAUDADE,

A HERANÇA DA IMPUNIDADE

PERSEGUIÇÃO A JORNALISTAS,

ESTUDANTES, ARTISTAS,

QUE FORAM PRO VINAGRE.

AGULHADAS DE ALFINETE,

O IMPIEDOSO CACETETE

E PONTAÇOS DE SABRE.

OS COTURNOS PESADOS

QUE PISARAM O PASSADO,

DE TEMPESTADES E TORMENTAS

MARCAS QUE AINDA ARDE

PELOS PUNHOS COVARDES,

DOS ANOS SETENTA.

O GOLPE QUE CALOU FUNDO,

FORAM OS ANOS DE CHUMBO

QUE MANCHOU A NOSSA HISTÓRIA.

BRASIL DOS COMBALIDOS,

PRIVADA DOS ESTADOS UNIDOS

POVO DE LUTA INGLÓRIA.

QUANTAS PESSOAS DO BEM,

DESPACHADOS PRO ALÉM

SEM DÓ NEM PIEDADE.

ADEUS GOVÊRNO DE FARDA,

A JUSTIÇA FALHA E TARDA,

QUIÇA UM DIA A LIBERDADE.

AUTOR: VAINER DE ÁVILA

Vainer de AVILA
Enviado por Vainer de AVILA em 30/01/2008
Reeditado em 17/10/2008
Código do texto: T839579
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