NA ERA DOS ESPELHOS
Enquanto o orgulho for sombra
— não luz que queima e aquece —
minha boca será silêncio
que sorri, mas não obedece.
Desconfio dos frutos visíveis,
das cores que a retina colhe:
prefiro a semente invisível
que o coração rega e escolhe.
Porque orgulho é placebo remédio
— efeito dos olhos alheios —
enquanto autoestima é o próprio corpo
fazendo anticorpo, sarando seus veios.
Trocando montanhas de espelhos
por pequenas e caras satisfações
vê-se grãos de areia virarem ouro,
bem no colo das palmas das mãos.