UM PINGO DESAFETO

Não basta a sina de estranhar, 

Entranhar algo que não é meu, 

Agora ainda tenho que zelar

Por que reputação sucedeu? 

Personagem social mascarado, 

Alegoria que não quero vestir. 

Cargo pesado... bem carregado, 

Quer obrigar meu peito a fingir. 

Não suporto o fardo arranjado, 

E ser desafeto não é maldição. 

Buda e Jesus, um de cada lado, 

Tudo odiado, mesmo com razão. 

Como alvo dos descontentes, 

Duas ou três almas ressentidas,

Do normal de falsos dementes,

Desamo críticas desmedidas...

Sou Pingo de chuva anormal, 

Não corro em rio proposital.

Divergente no trajeto destino, 

Decaio singelo, pequeno, divino.