Vozes Silenciadas
Na rua suja, onde o sol não entra,
Caminham rostos de quem não se vê,
As mãos calejadas que o trabalho sustenta,
E a esperança, já fraca, quer se perder.
O grito mudo dos que não têm voz,
Ecoa nas praças, nos becos, no ar,
São vidas que são só números, nós
Que olhamos e não sabemos falar.
As crianças correm, mas sem alegria,
Brincam no barro, mas o sonho é raso,
O futuro que se apaga, se esvazia,
E o presente, esmagado, não tem abraço.
Mas em cada canto, ainda resiste
A força de quem não se cala,
A luta que, aos poucos, insiste
Em transformar a dor em fala.
E se o muro da indiferença é grande,
A coragem, nos corações, se acende,
Pois um povo que se une e exige
Nunca será sombra que se entende.