Sou eu! Aceita!
No espelho d’água da aldeia esquecida
Onde o tempo vagueia sem pressa e sem medida,
Entre cordas e anéis estrangulam, apertado ,
cordões de vaidades, laços de história no aço forjado.
Lipombo! Molda e desmolda, estica e aperta até a carne sangrar,
Como se a vida, a qualquer custo, se solda.
Lipombo! O belo que pesa na carne e na alma
Transfere o fardo que jamais dobra e nunca acalma.
E se o belo for curva, falha,
Que torce, enverga e desgasta,
O imperfeito é desenho que o mundo rejeita?
Se o corpo desforme
for mais que um contraste,
além do torcido, forjado e cortado
Ainda grita! Sabia? Rasga o silêncio , expõe a alma:
_“Sou eu! Me aceita!
Da imperfeição ressoa
Como poesia que costura , afundando no papel ranhuras incontestáveis,,
um corpo que dança, arqueia, entoa,
Esconde feridas pulsantes a implorar:_ Aceita!
Ah! Beleza!
Peso que a alma sustenta,
Seja no tempo, no osso, na dor.
Despedaça e esconde
o que o tempo não nega.
Sou eu! Assim! Me aceita!
Lipombo é a prática utilizada para produzir o alongamento craniano em bebês, utilizado pela elite para exaltar um padrão de beleza. Ter o crânio alongado era um símbolo de beleza, inteligência e status. Para alongar o crânio, a cabeça do bebê era amarrada com cordas durante o seu crescimento. Alterando o formato do crânio pela pressão , alterava- se também, por consequência , a face do indivíduo já que pressionava as estruturas moles também deixando os olhos projetados para frente. Essa prática durou em algumas sociedades até 1950. Eram feitas pelos Mangbetu ( Congo), pelos Astecas e Maias, na Europa, na China e Mongólia e inclusive no BRASIL pelo povo Karitiana(( Rondônia) no século V.
Reflexão: O que nos leva a praticar “ Lipombos” contemporâneos?