PARA NÃO ENLOUQUECER
Roçava... roçava....
Cortava,
A cana e a tez,
Suava da cabeça aos pés,
Respirava o ar cinzento,
Em vão,
Clamava pelo vento.
Misturava suor com o pranto,
Desejava um acalanto,
Um manto de ternura,
Nas nervuras,
De sua crua realidade.
Se sentia um absoluto nada,
Sacudia o corpo cansada,
Da vida,
Da lida,
Da desigualdade,
Da angústia de ser...
Deixava o canavial,
No final
De um insuportável dia,
Em cada passo que dava,
Inventava utopias,
Para não enlouquecer.