Sentado à beira do caminho

A luz acesa

Ninguém acendeu

Ela irrompeu o cenário

Violentou as últimas restias de escuridão

Sentado a beira do caminho

O tempo não passa depressa

Ou ele não se curva à minha ansiedade

A saudade é velha amiga

Companheira secreta agora denunciada

O crime é imperdoável

Alguns instantes em que o tempo parou

Não tinha fotografia

Não se sabe se era noite ou era dia

Ficaram apenas provas de um crime sem perdão

O fogo dos apaixonados

A certeza de um homem bomba

Não ficou nada em pé

Tudo foi pelo ares

O tempo passou

Ninguém ficou por perto

Silêncio no deserto

Sentado à beira do caminho

Não peço carona

Apenas caminho

Pedalo

Corro

Toco em frente.

A cara do presente é um espelho muito antigo

Talvez o que viu o rosto de Cecília Meireles

Em qual face ficou o meu?

Ninguém percebeu o crime e o castigo

Foi um crime perfeito

Vários erros cometidos

Viver é melhor que sonhar

Continuamos na caminhada

Mesmo sentado à beira do caminho

Olhando a luz se entregar pra escuridão

Agora é outra hegemonia

Ninguém sabe o caminho das estrelas

Todos tentam abrigo

Muitos não conseguem não

E o equilíbrio nesse turbilhão talvez seja o delírio das coisas reais

Ou sentar à beira do caminho

Atentar contra a moral e os bons costumes

Fervilhar no Priorado de Sião

Não há respostas prontas

Siga o seu coração

Marcos Frank
Enviado por Marcos Frank em 26/01/2025
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