Sentado à beira do caminho
A luz acesa
Ninguém acendeu
Ela irrompeu o cenário
Violentou as últimas restias de escuridão
Sentado a beira do caminho
O tempo não passa depressa
Ou ele não se curva à minha ansiedade
A saudade é velha amiga
Companheira secreta agora denunciada
O crime é imperdoável
Alguns instantes em que o tempo parou
Não tinha fotografia
Não se sabe se era noite ou era dia
Ficaram apenas provas de um crime sem perdão
O fogo dos apaixonados
A certeza de um homem bomba
Não ficou nada em pé
Tudo foi pelo ares
O tempo passou
Ninguém ficou por perto
Silêncio no deserto
Sentado à beira do caminho
Não peço carona
Apenas caminho
Pedalo
Corro
Toco em frente.
A cara do presente é um espelho muito antigo
Talvez o que viu o rosto de Cecília Meireles
Em qual face ficou o meu?
Ninguém percebeu o crime e o castigo
Foi um crime perfeito
Vários erros cometidos
Viver é melhor que sonhar
Continuamos na caminhada
Mesmo sentado à beira do caminho
Olhando a luz se entregar pra escuridão
Agora é outra hegemonia
Ninguém sabe o caminho das estrelas
Todos tentam abrigo
Muitos não conseguem não
E o equilíbrio nesse turbilhão talvez seja o delírio das coisas reais
Ou sentar à beira do caminho
Atentar contra a moral e os bons costumes
Fervilhar no Priorado de Sião
Não há respostas prontas
Siga o seu coração