RAÍZES DE FOGO

Negro,

és a força que o mundo não dobrou,

o tambor que ressoa na noite,

a pele marcada pela história

que o tempo não apagou.

És a resistência na lágrima,

o grito contido em cada corrente,

o braço que construiu impérios

sem jamais ser reconhecido.

Teu sangue é a tinta que escreve

a verdade omitida nos livros.

Negro,

teu corpo é templo sagrado,

dança que desafia o abismo,

sorriso que ilumina a opressão.

Tuas mãos carregam o peso dos séculos,

mas teus olhos carregam o amanhã.

És o verbo que a história tentou calar,

mas que ecoa nas vielas,

nos becos, nas praças.

És a cicatriz que virou arte,

o aço que o fogo não derreteu.

Negro,

tua consciência é chama viva,

tua luta, um poema sem fim.

Cada passo teu é revolução,

cada palavra, insurreição.

Levanta-te!

Não para pedir,

mas para tomar o que é teu:

tua história, tua coroa,

teu lugar no trono do mundo.

Pois negro és o alicerce,

a raiz que sustenta a árvore,

o pulsar de um coração antigo

que ainda ousa sonhar.