Fatos Sociais a Serem Pensados no Dia da Consciência Negra
Nas ruas os ditos heróis de farda, guardando
A ordem ao espancarem com suas armas.
E quem são os vilões, senão os de sempre?
Pele escura, destino traçado, eis os culpados.
Nas favelas, o genocídio é cotidiano, banal.
Jovens negros são assassinados,
Corpos sem importância para noticiários.
A polícia entra, atira, sai, jorra sangue de muitos.
E a vida segue, como se nada acontecesse,
A morte de um favelado é só um detalhe.
No campo de trabalho, a discriminação se repete,
Braços negros, função sem valor, baixo salário,
Enquanto o patrão, disfarçando o descaso,
Aplaude de pé, seu lucro bem delineado,
Em um espetáculo de exploração bem dirigido.
A peça humanitária é bem ensaiada,
Diversidade no papel, mas, na prática, falsidade.
O chefe sorri, discurso ensaiado, elogio disfarçado.
Mas no olhar, a desconfiança, sutileza nas
Acusações, as entranhas do racismo velado.
Os evangélicos, praticando o amor cristão,
Na fogueira do ódio, queimam terreiros de umbanda.
Com as bocas cheias de Cristo,
Racismo nos atos e revivendo o medievalismo,
Aplaudem o líder que diz que negros
Devem ser pesados em arrobas.
Armas junto das Bíblias para demonstrarem
Que de fato amam ao próximo, Lúcifer aplaude.
Na escola, o cabelo afro vira motivo de riso,
“Bombril”, “capacete”, a discriminação é notória.
A criança, protagonista involuntária, lamenta,
Enquanto o professor, não desejando ser omisso,
Tenta impedir a prevalência da ignorância.
No estádio de futebol, a torcida se inflama.
E quando o jogador negro brilha, a bestialidade:
“Macaco”, “volta para a senzala”, gritam os vermes.
Os brancos também demonstram
Superioridade nos momentos de lazer.
No supermercado, o cliente negro é seguido,
O segurança, ator coadjuvante, novo capitão
Do mato, ventrículo de senhores, desconfia.
“Algum problema?”, pergunta com desdém.
E o racismo também nas compras mostra que
Os não caucasianos são potenciais larápios.