Janela para a alteridade
Da minha língua vejo o sertanejo
Num sertão que se estende ao concreto
Por onde o porvir é sempre incerto
Por múltiplas veredas do desterro
Da minha língua festeira tão minha
Dessa língua sorrateira tão sua
Desta língua camaleão tão nossa
Vejo o hibridismo dançante, vivo
Sinto o afago da solitude, lírica
Ouço a sinfonia distante, cínica
E a canção dos que lutam, cultivo
Da minha língua rasteira tão minha
Dessa língua poética tão sua
Desta língua multiforme tão nossa
Vejo o multiculturalismo, belo
Sinto o ritmo de ancestralidades
Ouço, ausentes nos muitos falares
As desinências insensíveis, elo
Da minha língua vejo o amanhã
No qual escrevo para me inscrever
Por entre descaminhos do vir a ser
Em prosódias de um acolhedor afã
E você? Desta língua o que vê?