Janela para a alteridade

Da minha língua vejo o sertanejo

Num sertão que se estende ao concreto

Por onde o porvir é sempre incerto

Por múltiplas veredas do desterro

Da minha língua festeira tão minha

Dessa língua sorrateira tão sua

Desta língua camaleão tão nossa

Vejo o hibridismo dançante, vivo

Sinto o afago da solitude, lírica

Ouço a sinfonia distante, cínica

E a canção dos que lutam, cultivo

Da minha língua rasteira tão minha

Dessa língua poética tão sua

Desta língua multiforme tão nossa

Vejo o multiculturalismo, belo

Sinto o ritmo de ancestralidades

Ouço, ausentes nos muitos falares

As desinências insensíveis, elo

Da minha língua vejo o amanhã

No qual escrevo para me inscrever

Por entre descaminhos do vir a ser

Em prosódias de um acolhedor afã

E você? Desta língua o que vê?

Rogério D Micheletti
Enviado por Rogério D Micheletti em 18/11/2024
Código do texto: T8199890
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