Monólogo sem plateia
Ninguém percebe a sina aventureira de um trabalhador comum
Tantos desafios em pêndulo para resolver
Sua vida sendo resolvida pelos homens do poder
Que nada têm a ver com o mundo real
Mundo onde as decisões governamentais não chegam
Quando são lembradas causam risos e náuseas
Na dança pelo arroz e feijão
O palco é um velório coletivo da massa trabalhadora
Moemos nosssa existência
Galgamos uma subsistência menos árida
E os governos...
São cada vez mais apátridos
Cada vez mais rasteiros
Monólogo sem platéia
Uma verdadeira geléia geral
Ao menos uma vez por ano
Dançamos o carnaval
Festa de quebra na ordem
Onde o patrão se veste de mendigo milionário
E o empregado se faz de rei sem nenhum centavo
Triste e heróica é a vida do trabalhador brasileiro
Vive sonhando com a vida futura
Cada vez mais perto da sepultura
E os meninos já sentem a verdade nua e crua dos discursos eleitorais vazios
Discursos que não fizeram nada acontecer
Tempo de reformas no congresso
Mudanças feitas para o escravo pós moderno
Decididas por quem ganha acima do teto
Trabalhos dignos
Análogos à escravidão
Vão sendo triturados pela verdade liberal
Sindicatos no chão das fábricas
De joelhos, com a cuia na mão
Superavit econômico nas mãos dos patrões do país
Dívidas repartidas
Marxismo das onerações do progresso
O pão de cada dia
Virou o pão que o diabo amassou
Dívidas no banco
E na venda da esquina
Dia do aluguel
Conta de luz
Salário de fome
Bom dia, você está atrasado
Mais um dia começou