Mendigo
A dor ignora os poemas
Estraçalha os para ficarem
Igualzinho ao meu coração em frangalho.
Olho no espelho e vejo o reflexo do abandono
Não sei, mas quem sou,
De onde venho ou para onde vou
Após tanta solidão.
Só lembranças restam em meu coração
Passo a vida tentando me desvendar
A mercê do acaso e do descaso.
Devotado às pegadas
Que deixo pela estrada
Sigo sem rumo por ai
Olhos lacrimejando,
Uma faca corta meu peito
Terrível tempestade invadiu meu ser.
Acumulo lembranças e rifões
Carrego comigo um relógio parado
Horas insertas, situações adversas,
Ando por ai na contra mão
A vida demora a passar
Enquanto vivo em devaneios
Para o fardo suportar.
Sabem pouco de mim
Sou andarilho
Desse mundo sem fim.
Fui golpeado pela vida.
Ando e não pego carona
Vou a pé não tenho pressa de chegar
Vou aonde à vida me levar.
Mergulho de cabeça nas coisas
Mesmo sem saber onde vai dar
E tudo fica insuportável.
Sacudo a poeira,
Respiro fundo e espero o dia amanhecer,
E com ele a esperança de um novo dia nascer.
Não tenho identidade
Que justifique o meu existir
Vago por ai sem nome e sem endereço
Todos me olham, mas, não me vê!
Sou mendigo!
Invisível para sociedade e para você.
]