Mendigo

A dor ignora os poemas

Estraçalha os para ficarem

Igualzinho ao meu coração em frangalho.

Olho no espelho e vejo o reflexo do abandono

Não sei, mas quem sou,

De onde venho ou para onde vou

Após tanta solidão.

Só lembranças restam em meu coração

Passo a vida tentando me desvendar

A mercê do acaso e do descaso.

Devotado às pegadas

Que deixo pela estrada

Sigo sem rumo por ai

Olhos lacrimejando,

Uma faca corta meu peito

Terrível tempestade invadiu meu ser.

Acumulo lembranças e rifões

Carrego comigo um relógio parado

Horas insertas, situações adversas,

Ando por ai na contra mão

A vida demora a passar

Enquanto vivo em devaneios

Para o fardo suportar.

Sabem pouco de mim

Sou andarilho

Desse mundo sem fim.

Fui golpeado pela vida.

Ando e não pego carona

Vou a pé não tenho pressa de chegar

Vou aonde à vida me levar.

Mergulho de cabeça nas coisas

Mesmo sem saber onde vai dar

E tudo fica insuportável.

Sacudo a poeira,

Respiro fundo e espero o dia amanhecer,

E com ele a esperança de um novo dia nascer.

Não tenho identidade

Que justifique o meu existir

Vago por ai sem nome e sem endereço

Todos me olham, mas, não me vê!

Sou mendigo!

Invisível para sociedade e para você.

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Cris Pedreira
Enviado por Cris Pedreira em 30/10/2024
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