NOVA GERAÇÃO
-Bom dia dona cutia.
Como vai sua mãe, Maria?
-Vai bem, obrigada
a lavar, passar e cozinhar,
sem nunca reclamar
e deixando a casa bem arrumada.
-Boa tarde seu jacaré,
como vai o seu pai José?
-Muito bem, obrigado
a levantar bem cedo, fazer o café,
e depois cuidar da lavoura e do gado.
-Boa noite dona lua.
Como vai sua filha Luana?
-Ah! Não lhe conto nada.
Ela agora só quer ficar na rua
ou vagando pela madrugada.
Já não sei mais o que faço,
pois desde que ela criou asas,
já não fica mais em casa
e minha vida tem sido um fracasso.
Consultei a dona Maria,
que me disse também não ter mais alegria,
pois sua filha, a Cutia, não quer mais estudar,
e nem mesmo trabalhar.
Ela, coitada, é que tem de fazer de tudo.
Pois desde que a filha abandonou os estudos,
pra se encontrar com aquele rapaz,
que também de nada é capaz,
ela perdeu todo o seu sossego.
E até pra buscar água no rego,
é ela mesma quem vai,
pois a filha não obedece, nem mesmo ao pai.
Fui conversar com o senhor José,
que também tem um filho moço,
e, quase não me aguentei de pé,
quando este pegou o pai pelo pescoço,
querendo agredi-lo ferozmente,
como se tudo aquilo fosse normal
diante dos olhos de muita gente,
que vivenciam estas cenas no jornal.
Eu francamente fiquei horrorizada,
com esta nova geração,
que não quer saber de nada
e que não tem por nós, nenhuma considerarão.
Eu em particular, dona Maria,
culpo mesmo são os legisladores,
que criam leis a todo dia
mas sempre á seus favores.
Sem falar da roubalheira política,
que leva ao caos a população
que tresloucada e aflita,
já não têm mais nenhuma razão.
E há pais, pobres coitados,
que vão procurar soluções
nas casas de orações
e ainda assim são explorados,
por inúmeros religiosos avarentos,
que os recebem sorridentes
sem notarem que em tormentos,
estes pais assim se sentem.
Aconselham a pagarem uma parcela
para os cofres que os alimentam,
só não enxergam de suas janelas
o sofrimento que os arrebentam.
Dão alguns conselhos vans,
falam um pouco de Deus
e ainda pedem que voltem amanhã,
pois está na hora do almoço seu.
Hoje em dia tudo está mudado.
Nada é como antigamente.
Quando os filhos eram ajuntados,
ao lado de seus pais alegremente.
Veja bem a maneira como fomos criados.
Ainda pequenos tínhamos o nosso compromisso.
Hoje, no entanto, ninguém quer saber disso,
e levam a vida numa boa, todos despreocupados.
Entregam-se a vida mundana,
dos vícios destruidores,
que atacam como um bando de roedores,
toda a população rural e urbana.
Destroem patrimônios publico,
num vandalismo sem fim
e logo que nascem os pelos púbicos,
achando que é bonito, agir assim.
E infelizmente ninguém faz nada,
com o intuito de conter,
a tantas coisas erradas
que só nos fazem sofrer.
A cada dia que se passa,
há sempre um religioso
ou um político teimoso,
querendo fazer trapaças.
Nunca se preocupam com a formação,
daqueles que os elegem nas urnas apuradoras,
pois o que eles querem da Nação
e da população sofredora,
são somente os seus salários,
no final de cada vencimento
sem perceberem que o sofrimento
do povo, é o que os fazem milionários.
Não se tem saúde nem educação.
Todos trabalham até morrer,
sem ter nenhum lazer
que satisfaça a população.
Quanto à segurança, nem se fala.
Não se pode contar com ninguém.
Até mesmo eu, também,
já estive na mira de uma bala,
duas vezes pelo mesmo bandido
que de mim tudo levou.
E quando procurei socorro,
vejam só, quase morro,
com os dizeres de um certo Capitão,
que a sorrir disse-me,
que eu fizera uma doação.
Vejam só a que ponto fomos parar.
Temos que nos defender sozinhos,
pelos mais árduos caminhos
sem poder no efetivo, confiar.
Hoje em dia tudo está mudado.
Nada será como antigamente.
Quando os filhos eram ajuntados,
ao lado de seus pais alegremente.
Presenciamos a tudo calados.
E pelo o que se pode ver,
não será nomeado, nenhum delegado
que posso por freios e conter,
a esse terrível destino,
que transforma em grandes marginais
os sonhos de meninas e meninos,
que acabam sendo manchetes nos jornais.
Não saberemos até onde isso irá nos levar,
pois entra e sai governo sem parar,
e o povo sofrido, tem que se virar sozinho,
tão perdido e desnorteado em seu caminho,
pois nada será como antigamente,
quando se colhia e com muita fartura,
das férteis e saudáveis sementes
que sempre eram plantadas com ternura.
São João da Lagoa (MG), 16 de outubro de 2024.