Na calçada da fome
Alguma vez você já pensou em deixar
As suas mãos lá na calçada da fome
Ainda que sem ter que se preocupar
Que lá ninguém irá pedir o seu nome
Um ajudando ao outro sem o intuito
De ter os seus quinze minutos de fama
Não que eu tenha nada contra, em absoluto;
Pois cada um faz e desfaz sua cama
Mas o que me toca mesmo é o espanto
Quando vimos estrelas caídas pelas calçadas
Todas chamuscadas, sem o mesmo encanto;
Das que invadem sempre as nossas moradas
Pois só aparecem uma vez a cada ano
Se intitulando porta-vozes da razão
Como se fossem todas elas arcanjos
Sem dar o nome e escondendo as mãos
E a incoerência junta-se `a demagogia
Penso que elas querem que a gente se exploda
Cada um que cuide da sua cruz de todo dia
Pois gira o mundo aos pés de quem se locomova
Já que não se misturam nunca aos anônimos
Como se vivessem em outra constelação
A não ser quando viramos todos Reis Momos
Bobos da Corte...E viva a Televisão!
E por que será que eles não querem deixar
As suas mãos lá na calçada da fome
Será porque lá eles não irão ver brilhar
Em luz néon todo o glamour de seus nomes
Será?
Por que será?