Pedaço de paraíso

Eu precisava de um instante só

Para conviver com meus pensamentos,

Maravilhar-me com intensa beleza,

Deixar de lado tudo que é tormento.

Foi este o motivo de eu estar aqui

Na solidão da mesa de um bar.

Tão envolvente é o espetáculo

Quase nem noto o tempo passar.

Contemplo uma imensidão de águas azuladas,

Sinto descansarem os meus semblantes

Ao apreciá-las a dançar com a brisa

Impecável valsa, sublime, galante.

Como um véu sobre as águas suspenso

Vejo se elevar nuvem branca resplandecente

Que em pouco tempo se desfaz ao sol

Com seus raios prata vindo do oriente.

Digiro o paladar suave do silêncio

Que por umas aves hora interrompido.

A paz que aqui sinto é sentimento intenso,

Que faz tanto bem agrada meus ouvidos.

Vestígios, não tão distantes, vejo

Da submersa outrora cidade.

Histórias diversas, segredos, desejos...

Que na memória, hoje, habitam saudades!

Confesso: não fiz parte da história

De abençoado pedaço de paraíso

Até o momento que aqui pisei,

Mas pra voltar tenho bons motivos.

Ao interrogar valoroso habitante

Sobre o passado da velha cidade

Fiquei sabendo que sob aquele mar

Não restara muito além de saudade.

Que as águas que hoje sufocam o passado

Desta promissora, tranquila cidade

Façam o mesmo com as tristes lembranças

De todo o seu povo desde a mocidade.

Que chovam bênçãos sobre este lugar

Trazendo a paz e às doenças cura.

E que o povo sinta a presença constante

Do bom criador junto a Itapura.

Valviega
Enviado por Valviega em 10/10/2024
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