ECO
A linguagem é construção,
De códigos, signos e ser,
Que molda a percepção,
O horizonte, o viver.
Nasce do fundo da mente,
Como um grito sem prisão,
Faz do invisível o presente,
E o habitus se faz ação.
No caos dos pensamentos,
Em palavras se desfaz,
É ponte entre os momentos,
Do ser que nunca é capaz.
Cada sílaba é força e vento,
Atravessa o corpo, o ar,
Gera mundos em movimento,
No simples ato, falar.
O verbo que cala ou grita,
É destino e construção,
Faz-se eco na infinita
Curva da comunicação.
E no silêncio, ainda existe,
O poder de renascer,
No simbólico que persiste
Em ser mais do que é ser.
Linguagem é a linha viva,
Entre o real e o sonhar,
Na palavra que cativa,
Há poder de transformar.
E assim, seremos palavra,
Seremos força e intenção,
Do que nos chega e grava
Na alma, como expressão.
A linguagem é ambiente,
Onde a crença faz raiz,
No discurso, o que se sente
Se molda ao que o poder diz.
O símbolo que ergue muros,
Domina o que é o pensar,
Conduz a massa aos futuros,
Que a elite quiser criar.
Serei eu, força simbólica?
Ou simples eco a vagar?
Na luta de classe histórica,
Há quem vença no falar.
O fraco é quem legitima,
Mas o verbo quem conduz,
A palavra que o oprime
É também quem lhe traduz.
A voz que faz ver e crer
Ergue impérios sobre chão,
Molda o fazer e o ser
No sopro da dominação.
O discurso que guia o leme
Define o que é razão,
A verdade acolhe e treme
Nas mãos da elite em ação.
E eu, cá, expectador silente,
Vejo o mundo em combustão,
Enquanto o verbo potente
Forja a nova direção.
O verbo descreve o bárbaro,
Matiza, marca, segrega.
A nós, a voz, o amparo,
Ao outro, a cilha, renega!
O senso que nutre a verve,
Também nutre o preconceito.
O outro, ser, pouco serve.
Eu, o ser, distinto, perfeito.
E na fala que resiste,
Há poder, há criação,
Palavra é mote, persiste
É força, é transformação.
Messias, 27.09.2024