CATULO
CATULO
Dizia Drummond,
em versos,
que precisava de um amigo
que lesse Catulo.
Não preciso de tanto:
preciso de amigos
que ouçam Chico ou Milton
- mil tons -,
e leiam Camões em Pessoa;
que falem como dois olhos
ao coração do povo
com a linguagem coloquial,
sem a arrogância
dos que se dizem poetas
e nada dizem.
Sofisticado e controverso,
Catulo, eterno,
se encaixaria ao moderno
daquele momento
em que a poesia – natural -,
não mais formal,
ganhava forma,
e, liberta da norma,
abria as portas
derrubando velhas escolhas
e velhas escolas.
Nelson Marzullo Tangerini.