MOSQUITO FICOU RICO
Mosquito ia de um lado ao outro
Procurando uma cara de bobo
Para enganar e conseguir um troco,
Pele e osso era o seu corpo todo.
Mosquito era ágil, mas muito fraco,
Fugia do trabalho e compromisso,
Catava bituca, dava uns tragos
E dormia em um quarto de cortiço.
Mosquito era da noite e não do dia,
Ao se pôr o sol, começava a aventura,
Quando o astro surgia ele se escondia,
Raio solar lhe feria e a lua era sua cura.
Mosquito vivia de pequenos furtos
Ou inventando mentiras para comover,
Encenava choros de olhos enxutos,
Mas sempre conquistava algum ser.
Mosquito, certa vez, roubou um celular
E rapidamente aprendeu a mexer,
Vários vídeos, na rede, começou a postar
E alguns deles, enfim, chegaram a viralizar.
Mosquito conquistou vários seguidores,
Na arte de mentir tornou-se popular,
Logo conseguiu alguns patrocinadores
E sua conta bancária estava a se inchar.
Mosquito lançou campanha no pix
E as doações não pararam de chegar,
Suas dívidas e ele ficaram quites
E com os ricos do país ficara para a par.
Mosquito logo saiu do quarto bagunçado,
Comprou uma cobertura no bairro nobre,
Um carrão do ano todo envenenado
E ostentava ouro feito um rico esnobe.
Mosquito comprou lojas, fábricas, bares,
Restaurantes e uma empresa de transporte,
Uma aeronave lhe conduzia pelos ares
E seu caminho agora era de sul a norte.
Mosquito ladrão tornou-se um patrão,
Ganhava muito e pagava quase nada,
Mas não renunciara a sua vocação,
Em negócios ilícitos tinha maior entrada.
Enganar ainda era seu melhor serviço,
Investia em tráfico e contrabando,
Sonegação, fraude eram seu feitiço,
Mesmo milionário continuava roubando.
Mosquito, todavia, queria mais e mais,
Não se contentava com objetos somente,
De conquistar o mundo se sentia capaz,
Queria ser um deus e não apenas gente.
Mosquito decidiu entrar na vida pública,
Candidatou-se, primeiramente, ao senado,
Mas almejava ser presidente da república,
Mentiras e crimes eram seu maior legado.
Mosquito sempre apostou na ignorância
Daqueles que gostam de ser enganados,
Aprendeu que a verdade não tem relevância
Quando na falsidade se está chafurdado.
Mosquito continua a fazer sucesso,
Até quando, porém, não há como saber,
Talvez enquanto durar esse retrocesso
Do povo que na água do mal está a se benzer.