O ato de masculinidade
Ser macho não é puxar ferro
Nem sequer pegar no cano
Pois tem que ter muito culhão
Para admitir ser um humano
Tem que ser macho pra largar o pau da enxada
E puxar o mal pela raíz com a mão
Esquecer o ostento de testosterona
E lavar a boca com sabão
Tem que ser macho para encher os peitos de ar
E dizer tudo aquilo que seu amigo diz ser frutinha
Talvez revezar o peso que é mais pesado que o de academia
Daquela gota que não é de suor
Tem que ser macho para saber o destino que o aguarda aos 40
E preservar sua delicada flor a um médico
Igual ao discurso que tanto repetiu para sua filha
Enquanto via crescer a geração que tanto chama de mariquinha
Tem que ser muito macho
Pra poder recitar essa poesia
E dizer pra toda a avenida
Que se identifica como menininha