Trabalho re(produtivo)
Estava pensando agora no banho
Que não terei filhos para não reproduzir
A mão de obra escrava e, assim, não ajudar a
Movimentar a grande máquina de moer gente
O suor do meu filho não será seu
Líquido lubrificante
Seu sangue não será sua graxa
Um pedaço de mim não terá as suas
Mãos sujas pelos resíduos tóxicos,
Que, mesmo incolores, ainda poluem
Seus dedos não pressionarão o botão
Da máquina que ameaça tomar o seu
Meio de ganhar o pão
A poeira metálica não petrificará os
Seus pulmões
Seus ouvidos não vão se incomodar
Com ruídos
Para o mundo, não deixarei as minhas sementes,
Elas não vão brotar
Não deixarei uma peça de metal, que
Quando falhar, será logo substituída
Não moverá sequer uma engrenagem da
Grande máquina e não será moídas por ela