Labuta

A labuta

Na faina que desfigura

A fábrica úmida pelo líquido que na caldeira borbulha

Mexe a poção da labuta

Matuta o tempo que resta pra comer uma fruta

E conta o centavo que ganha por hora de luta

No espelho enxerga a cambuta

Sapatos ralados no chão e manufatura

Olha através da janela empoeirada e vê a rua

Há criaturas munidas de catapultas

E uma figura que espera e nunca desfruta

Madruga e pinta com a tintura de amargura

Enxuga, dependura, descostura

Mexe o caldeirão da bruxa

Acostuma

Um osso fratura

Um membro amputa

Transpira o líquido que o cabeça degusta

Paga meia fatura e novamente madruga

Mexe o caldeirão de cozedura

Temperado com o sangue d'alma que soluça

Provado e saboareado por quem coaduna

Falta sal

Então pinga dentro o suor da labuta.

Erica Moscardini
Enviado por Erica Moscardini em 25/07/2024
Código do texto: T8114606
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