RETRATOS DA DESIGUALDADE

Nas ruas, corpos se arrastam, vazios de essência,

Num mundo onde a mercadoria é a única existência.

Passo por mesas fartas, observo os pratos repletos,

Enquanto estômagos clamam, vazios e discretos.

Passos pesados dos que caminham,

Ronco dos motores dos que voam.

Alguns nem percebem, nesta cidade rica,

Que atrás dos altos prédios, favelas são vidas.

Ainda sobre o preço da desigualdade,

Também se encontra no mercado.

De um lado, carrinhos cheios de futilidades,

Do outro, a quinzena vai com necessidades.

Neste retrato tão sofrido,

A desigualdade é a face mais sombria.

Vidas iludidas contemplam as vitrines,

Entre o glamour das lojas e o vazio da alma,

A desigualdade se mostra, crua e calma.

Em manifestações por causas distantes e vãs,

Desprezam-se os gritos das crianças sem pão.

Valorizam-se tantas coisas mais que a vida humana,

Esquecendo que sem igualdade, qualquer vitória é insana.

Esquecem que sem justiça social, sem saúde e educação,

Não há futuro para nenhuma nação.

Pois se não salvamos o ser humano do abismo da desigualdade,

Não há sentido em salvar mais nada, sendo pura vaidade.

Em hospitais públicos, a vida flerta com a morte,

Na espera angustiante, a fé se retorce.

Na escola, onde o saber deveria ser libertador,

A educação reproduz a ordem do opressor.

E assim, a sociedade

Perpetua as desigualdades.

Em cada esquina, em cada rua,

O contraste social continua.

Poeta Eduardo Rodrigues
Enviado por Poeta Eduardo Rodrigues em 20/07/2024
Código do texto: T8111133
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