A velha arte

A mentira sempre foi uma grande arte

Para alguns que tocam o intocável.

Tocam... fazem a festa os artistas.

Nessa pista, dança quem lá não está.

Esses artistas tocam o intocável.

A mentira nunca teve as pernas curtas

E desfruta de crescentes esconderijos.

A mentira sempre foi mais rápida que a verdade,

Sempre foi mais engraçada,

Mais solta, mais carismática, mais animada, mais viajada…

Os ventos, que sopram as birutas e indicam a direção,

A ela sempre estenderam as mãos.

Sempre a embarcaram em charretes, trens,

Ônibus, carros, navios…

E a ela deram asas para voar.

A mentira sempre desfilou nas vias de comunicação.

Os veículos levam a mentira

Sempre bem vestida, sorridente, bem penteada

Ou bem séria, inspirando e expirando verdades,

Transpirando verdades por todos os poros.

A mentira sempre foi indispensável no tráfego

Das principais vias.

Hoje com a informação na velocidade da luz,

Os grandes dessa arte espalham a palavra com o sinal da cruz.

É a festa das notícias falsas

Ou das falsas notícias

E com os valores nas mãos do valor que vale,

O seu fulano leva a razão para o baile.

É a festa das notícias falsas.

Falso e fato estão na briga.

Os fatos estão fora da barriga.

As vísceras estão expostas.

O ar está cheirando mau.