Quebrado

Em meio de destroços cresci,

Até então era comum colegas ver partir

E não para outros países a passeio,

Mas, para o limbo dos fardados!

Não há devaneio em apontar culpados, pois, o mundo faz-me um.

Por mais que em mim a maldade ainda não existisse, a cor era presente,

Ao qual, reluzia suficiente para os tais protetores da sociedade.

Contudo, "socialmente não sou alguém",

Assim foi-me dito!

Como explicar para uma criança o porquê não é bonito...

Se seu cabelo é ruim, simplesmente por ser crespo?

Seus lábios são estranhos por ser mais avantajados?

Seu nariz é só amado, quando pontudo e afiado,

Tão quão a faca ao qual passei a carregar com medo.

Tanto amedronto se tornou escudo,

Sirenes de viaturas, pavor sonoro

E o cheiro da pólvora, carrego junto ao apavoro.

Aprendi a temer a vida antes de a ter vivido,

Hoje a vivo, com receios de não merecê-la.

O mundo fez-me vilão, no entanto,

Sou apenas um sobrevivente.

Sávio Soares
Enviado por Sávio Soares em 02/07/2024
Reeditado em 02/07/2024
Código do texto: T8098523
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