Rei Morto, Rei Posto

não me ilude o soluço da alma austera

pendor de espinhos em plena primavera

um sem fim rigor, desamor de mãe severa

que alardeia puro e simples pranto seco

não me toca a lágrima vã de quem fere

de quem marca a ferro a sorte de outrem

do texto sacro para o bem, o cabresto

arquitetura, afresco, cântico, iluminura

não me apieda a carência dos importantes

dos antes filhos de filhos de filhos da fidalguia

dos agora filhos de filhos de filhos da agonia

triste, o amor assiste mais democracia na dor

não mais me mobiliza a ojeriza aos hipócritas

deixo com que me convençam sobre atuações

encenações de vidas perfeitas para inglês ver

a saber: para cada desgosto, rei morto, rei posto

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 10/06/2024
Código do texto: T8082950
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