O mordomo

Toda a culpa é do mordomo.

Essa ladainha me dá sono,

Mas meus olhos não estão fechados,

E veem nos horizontes um quadro mal pintado.

Para mim está difícil dormir com esse barulho.

Nessa terra aterrada

Ninguém tem culpa de nada

Toda a culpa é do Estado e do entulho.

Estado, sociedade e mercado.

O jogo não era tão desequilibrado.

Agora passeiam as cartas marcadas

Jogadas para tudo e para nada.

Nos novos tempos, os velhos moços

Colocam o mundo no bolso

E por baixo dos panos

Arrastam tudo e causam danos.

Em qual parte ocidental ou oriental,

Com tanta riqueza natural,

O povo vive tão mal

Como aqui nesse quintal?

Marcada à parte, a arte de regular está sendo desregulada.

E no caminho do deus dinheiro

Não surge um camelo pra limitar a caminhada.

Quem vai dizer que a eco “non” mia mais alto?

Ela corrompe, envenena e toma de assalto.

Tornando natural o artificial,

Ela vai promovendo na pirâmide social

Uma diferença abissal.

A eco não prioriza a bio.

Dela só escapa o que ela não viu.

Ela é mecânica, robotizada,

Sem alma, sem nada

Que possa compreender a vida,

Por isso queima tudo para se manter aquecida.

Ela não faz eco para os gritos da vida no meu mundo

A eco ecoa para o touro pisar fundo.