SOBRE ACENDER VELA AOS MORTOS
APÓS LEITURA DE V. S. NAIPAUL
Não é de mim acender velas aos mortos,
mas se eles dizem o que sinto,
se escrevem o que não consigo dizer,
revelo o fogo que ora arde
em minha mão.
.
Passam por mim Pessoa, Drummond e Naipaul
jogando palavras em min´alma,
substantivando essa poeira em suspensão.
.
Eu devia mentir para mim mesmo
e dizer-me que escrever
me deixa cansado, esgotado.
.
É como se eu saísse de um combate
entre mim e as palavras.
Porque quero traduzir melhor
tudo o que sinto,
essa felicidade absurda
que me tira o sono.
Nelson Marzullo Tangerini