Fundilho

longe de mim ser um estraga prazer

perto está o fim de tudo e de todos

nem a opinião e nem a lei desse ser

nada mais importa para os coitados

não é não e o sim talvez seja um sim

assim esse povo continua no escuro

e à noite vem como um escudo afim

mas o clarim dum dia traz o obscuro

deita e dorme um homem com fome

acorda esse trabalhador maltrapilho

o filho tem que ir para a escola longe

a conta chega para rasgar o fundilho

passa um tempo e é hora para voltar

o rumo de casa lotado da dor eterna

as mãos com as marcas de um pesar

é um salário da escravidão moderna

opressão e depressão na lida alheia

os de cima sofrem a queda do dólar

os de baixo padecem naquela cheia

é o mundo e sua justiça para apartar

De

Marcondes Schifter

Poeta & Jornalista

MarcondeSchifter
Enviado por MarcondeSchifter em 31/05/2024
Código do texto: T8075161
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