Fundilho
longe de mim ser um estraga prazer
perto está o fim de tudo e de todos
nem a opinião e nem a lei desse ser
nada mais importa para os coitados
não é não e o sim talvez seja um sim
assim esse povo continua no escuro
e à noite vem como um escudo afim
mas o clarim dum dia traz o obscuro
deita e dorme um homem com fome
acorda esse trabalhador maltrapilho
o filho tem que ir para a escola longe
a conta chega para rasgar o fundilho
passa um tempo e é hora para voltar
o rumo de casa lotado da dor eterna
as mãos com as marcas de um pesar
é um salário da escravidão moderna
opressão e depressão na lida alheia
os de cima sofrem a queda do dólar
os de baixo padecem naquela cheia
é o mundo e sua justiça para apartar
De
Marcondes Schifter
Poeta & Jornalista