A tua Janela Fechada
Quero saber quem fechou a janela do teu quarto. Quem me abduziu a tamanho sofrer. Abominação que aboliu meu contentamento, aquela fase de transição enérgica.
De nada recordo meu, a não ser da escuridão se aproximando, abraçando meus olhos engolindo meu ser, tormenta de maus-dizeres.
Naturalmente procuro alguma fresta. A chuva que chovia jorrava oportunidades, passagens. Maldito ser que entrou sorrateiro em teus aposentos e guardou no dia toda noite.
Devemos, e por que não devemos?
Altere seu nível, descubra quem cerrou-me a vida de luz plena, Transportai vossos olhos ao céu e desabafe, faça de teu pranto a chuva. A chuva que chovia quando fecharam a janela do teu quarto.
Desconfiamos em silêncio. Arvícola urbana, áspide inofensiva. Vou jurar que sim, vou fingir que sim, pois certamente é incerto. Auditivo, auditoria, auditório. Avelaneda, avelório, aveludada. Avanço de nossas pautas, de minha fome faminta, de minhas asas aladas... Azar meu pela janela fechada.
Boatos de minha loucura, e quem liga pra fato de um complexo? Estamos fora sem sentir, acusamos o próximo atos de autoria própria. A maioria das coisas somos nós mesmos quem fizemos, e jamais admitimos, mas eu admito: fui eu quem fechei a janela do teu quarto.
Douglas Tedesco – 01/2008