Balangueiros
Dizem que tenho depressão.
Possuo o mau do inconformismo,
Sozinho,
De poucos amigos,
Aprecio a solidão.
Questiono mensagens prontas,
Políticos,
E todo tipo de manifestação,
Onde o inconsciente coletivo se encontra,
Fujo,
Em contramão.
Não sou adepto ao fetichismo,
Criado pelo capitalismo,
Que consome almas,
Nem ao idealismo hierárquico,
Propagado pelo comunismo.
Prefiro vegetarianos,
Chatos,
A adeptos ao canibalismo moral,
Que impõe o domínio através do valor social,
Que saciam vossa sede através do sangue humano,
Rasgam a carne,
E a servem,
Com sal a gosto.
Sou fluente no idioma desconhecido,
Ouço através dos olhos,
Tudo aquilo o que deve ser dito,
Oculto,
Quase imperceptível,
Dentro dos padrões,
Daquilo que é permitido,
E por poucos,
Consumido.
O rapa passa,
É maré cheia,
E na tv,
O papa reza,
Durante a Santa Ceia,
Se falta peixe,
Servem sereia,
Panelas e mentes vazias,
Quero um fast food,
Para preencher o vazio,
Que ronda minha vida.
Sinto o aroma,
É navio negreiro,
Uma liberdade que aprisiona.
Quem possui tal missão?
Quando a ordem desmonta,
A favor da especulação,
Todos se calam,
Perante a oferta,
De balangueiros.
Quem trabalha com a madeira,
É carpinteiro,
Na construção,
Pedreiro,
E o pão nosso de cada dia,
É graças ao padeiro,
Se cada “eiro” tem função,
Qual será do brasileiro?
Vender o pau Brasil?
Escravizar e negociar,
Humanos,
Por dinheiro?
Desvalorizar o que é nosso,
E bajular a estrangeiros?
Expostos em gôndolas,
Escolhe,
E paga o preço.
Popular é mais barato,
Status quo,
É adereço.
Realmente não me encaixo,
Abraço minha depressão,
Ela é tudo,
Pelo que anseio.