ANDANÇAS NOTURNAS
ANDANÇAS NOTURNAS
Neste meu caminhar por ruas escuras
vejo nestes rostos tristes e desconhecidos
Que também estão a procura
Dentro das vielas mal iluminadas
Que escondem em cada esquina
Sinais da fome que este povo tortura.
Desesperados são o retrato da rotina
Apagado em sua face noturna.
São vultos magros, feios, esquálidos
De seres outrora animados
Hoje quase restos intoxicados
Pela cinza névoa que os consome.
Mergulhados nas noites dos infelizes
Torturados, maltratados a todo momento
Cobertos feridas, chagas, cicatrizes
Vivem em constante desalento
Estendem as mãos a procura de pão
Não encontram um só coração
Um único companheiro, irmão
Que lhes dê consolação.
Estes mal cheirosos becos escuros
Cidades repletas de vagabundos
Errantes perdidos em aventuras
Sem espaços confinados a beira de um muro.
Esta fome que maltrata o ser
Às vezes é difícil ser saciada
É uma ilusão quase infinita
Que só pode ser terminada
Quando completarmos a jornada
Entre as esferas celestiais
Então nossas faces iluminadas
Parecerão um pouco angelicais?