ANDANÇAS NOTURNAS

ANDANÇAS NOTURNAS

Neste meu caminhar por ruas escuras

vejo nestes rostos tristes e desconhecidos

Que também estão a procura

Dentro das vielas mal iluminadas

Que escondem em cada esquina

Sinais da fome que este povo tortura.

Desesperados são o retrato da rotina

Apagado em sua face noturna.

São vultos magros, feios, esquálidos

De seres outrora animados

Hoje quase restos intoxicados

Pela cinza névoa que os consome.

Mergulhados nas noites dos infelizes

Torturados, maltratados a todo momento

Cobertos feridas, chagas, cicatrizes

Vivem em constante desalento

Estendem as mãos a procura de pão

Não encontram um só coração

Um único companheiro, irmão

Que lhes dê consolação.

Estes mal cheirosos becos escuros

Cidades repletas de vagabundos

Errantes perdidos em aventuras

Sem espaços confinados a beira de um muro.

Esta fome que maltrata o ser

Às vezes é difícil ser saciada

É uma ilusão quase infinita

Que só pode ser terminada

Quando completarmos a jornada

Entre as esferas celestiais

Então nossas faces iluminadas

Parecerão um pouco angelicais?

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 05/01/2008
Reeditado em 14/03/2015
Código do texto: T803475
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