O ultrapassado terceiromundismo

Não se sabe onde anda a comida

Porque não enche o prato

Só nos encanta o cheiro.

Não se sabe onde anda a tranquilidade

Porque nenhum chá tem nos resguardado

Não se sabe onde anda a água

Porque mal ela chega e já se evaporou

Não se sabe onde anda meu sorriso

Porque mal ele se desenha e já está proibido

Não se sabe onde andam meus pensamentos

Porque sempre que repousam levam tiros

Não se sabe onde andam nossos amores

Porque faltaram às aulas de história

Não se sabe onde anda a alegria

Porque se acostumou a vir da tristeza

Não se sabe onde andam nossos direitos

Porque, apesar de todos tão diminutos,

É entre nós mesmos que achamos os culpados

Não se sabe onde andam nossos sonhos

Porque morrem de cansados ao entardecer

Não se sabe onde anda a nossa história

Porque não é mais nossa e sim Cruzada

Não se sabe onde andam os grandes

Porque querem ir de carona nos vulneráveis

Não se sabe onde andam os fortes

Porque andam a se escorar nos mais fracos

Não se sabe onde anda a engenharia

Porque fazem alicerces sobre pássaros

Pequenos galhos de árvores e frutas

Não se sabe mais quem somos

Porque mal somos e já o deixamos de ser

Não dura muito o que se sabe

E isso poderia ser muito bom

Mas, quem colhe a maior parte

Desse desconhecimento?

O pecado do descontentamento

A ironia de não crer no destino

O acaso de não entrar em guerras endêmicas

Porque não mudam radicalmente os mundos

O semiárido por onde percorre nossos sentimentos

Não se sabe por onde andam as respostas

Porque andam a massacrar as perguntas

Pamintergaláctica
Enviado por Pamintergaláctica em 27/03/2024
Código do texto: T8029250
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