Grito! (Pra quem tiver ouvidos)
GRITO!
Chico Nascimento Magonleji
Saiam da frente, mas ocupem as novas fronteiras...
Gritem, gritem bem alto!
Esse pacto que impacta as nossas vidas é por liberdade!
Liberdade na diversidade sistêmica...
Eu não vou calar,
Abaixo os hipócritas e as suas vozes melódicas,
Não vou exaltar os néscios...
Quero bradar contra os tiranos capitalistas,
Aqueles que venderam o meu sangue,
Os mesmos que fizeram virar barril o petróleo dos opressores!
Estou virado na zorra...
A zorra toda fede, apodrece e se vangloria do ser nada...
Mais pobres foram atirados à sarjeta,
A comida estava envenenada de ódio e desprezo...
Quantos morreram?
Afinal não contaram?
Blefe de jogador falsário!
Não adianta, eu não vou calar...
A minha cara estupida cansou dessa máscara fúnebre e silenciosa!
A blasfêmia é feita para iludir, ela não explica nada...
A palavra enganadora não estava no poema, não era dizimo...
Foi a minha cara preta que recebeu a última bofetada!
Não faço pacto com os reis do massacre!
Abra o seu lacre,
O black é fashion, o meu grito é estiloso!
Não tente tampar os tímpanos.
Eu vou fazer a minha voz vibrar no seu intestino...
Comer palavras não abastece a desigualdade!
Grite, grite comigo, a minha poesia não é de paz...
Foi feita para incomodar, traçar as cores das entrelinhas...
Silenciar é morrer todos os dias...
Grite, mas grite bem alto!
A pontuação do meu texto tá no contexto da periferia!
Não precisa dizer mais nada, mude a direção, o precipício não é o seu destino!