TORMENTO
Uma criança não merece tal tormento.
Perdida, o olhar vazio e descontente,
O concreto é seu leito, triste lamento,
Em meio à incerteza, frágil mente.
As drogas, malditas, constroem fortaleza.
Ela, já perdida, ainda dança com destreza,
Sua cabeça, sem esperança, sem grandeza,
Enfrenta a rejeição, dura e crua, sem defesa.
O que adianta sonhar se o mundo a rejeita?
Nem tem como imaginar a vida perfeita,
Nascida entre sombras, na rua estreita,
Onde as mãos crescem sem afeição, sem colheita.
Sério, tudo parece tão sem cura,
Mas ainda há esperança, mesmo na amargura.