Recife, meu amor.
Cidade Maurícia,
Veneza tão bela,
Vila anfíbia,
Putas à espera.
Capibaribe de tanto amor
Merda exala de tanto fedor
Rio das assombrações,
Águas das emoções,
Leva as lágrimas dos pobres
Cala o choro dos menores
Recife dos falsos bardos
Dos políticos devassos
Cidade dos grandes heróis
De tantos mudos brados
Pontes criadas por poetas
Exaltam a beleza dos rios
Ofuscam suas arestas
Fabricam discursos vazios
Mendigagem que veta,
Arruína os sonhos dos vadios
A argúcia do boêmio no bar
É incapaz de ver os moleques
Trocados? Não, não posso dar
Aos meninos que vendem chicletes
Para amanhã terem o que mascar
Pobreza,
Mendigos,
Banditismo,
Fedor
Por ti, ó Recife,
Nunca guardei tanto amor!