A festa acabou!

Força, Zé!

Ônibus passa apressado

enquanto o barulho das moedas

lentamente se ecoa nas mãos

de quem se acostumou à inércia.

Uns becos desertos,

uns planos incertos,

botecos de outrora

que prevêem tanto porvir,

rascunhos de letras de música

esquecidos nos bolsos,

amarrotados em aroma de cachaça e pipoca.

Levanta os ossos da cadeira e segue

firme rumo ao almoço incerto...

Autoridades corrompidas,

legislação e bancas de bicho,

reminiscência juvenil,

o tal benefício social,

ambidestros desembestados,

(Quem me dera viver mais!)

Veneza ou sertão,

bem me quer, quero pão,

atenção jamais atenta

ao que meu peito reinvidica.

Destino? Noticiário!

Força...

Zé?

Zé?

Cantarola ironicamente o rádio velho, baixinho,

enquanto o moleque contempla

o sangue do passado que clama

no barro presente

a certeza do futuro:

A festa acabou!

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 07/02/2024
Código do texto: T7993695
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