A Corrida Infinita.

Estou confuso, cansado e triste,

Mas não me vês.

Ninguém vê ninguem.

Como vaga-lumes, passamos os dias, olhando para a lâmpada,

Nos atropelando e nos cobrando de forma infinita.

A infinidade de assuntos diários,

Preços, corrupção, violência, doenças...

Nos preocupamos com o carro novo, a calça nova,

ou qualquer coisa que nos cerquem, que tenha saido do padrão aceitável,

E que me faça preencher este vazio imcompreensível.

O "looping" que começa, quando o último bem envelheceu.

Uma vida material, degladiada ponto a ponto,

Mas somos crianças, com uma necessidade enorme do sentimento,

Visto as carências escancaradas nas redes sociais.

A melhor foto, viagem, ou seja,

qualquer coisa que faça sentir melhor que "você".

Pois enquanto olho pra você,

não preciso olhar no espelho, o que sou, o que faço ou o que me tornei.

Não há descanso, parada para respirar.

Tudo, a todo instante deve ser registrado, gravado, provado.

Não me lmbro de ter sido contratado para tal ofício.

Enquanto nossos olhos estiverem nas lâmpadas,

nossos filhos, amigos, familiares, ou mesmo aquele comum,

que suas pernas não conseguiram acompanhar a corrida material,

e ficou pelo caminho, na eterna esperança de que algém lhe estenda a mão,

o ajude a levantar, e voltar para esta corrida,

que não temos certeza onde leva,

mas nos torna "visíveis",

e ao meu pensar "cruéis".