sozinho
estou sozinho em meu cantinho
ajeitado, metabolizado.
veste-me como luva
mas não me encobre como máscara
há em meu silêncio
palavras insones
que perambulam
pelo infinito
aguardando a grandeza do momento
há nessa pequena eternidade
instantes infinitos
micro-cosmos cheios de cores,
flashes... perfumes,
e a sensação
de que não se consegue estar
definitivamente sozinho
há poesias nas paredes
pintadas nos quadros...
na estante de livros,
nos bibelôs... a me encararem com
estranho ar de familiaridade
definitivamente sozinho
é estar no impossível momento de isolamento
estar imune ao mundo
e ao mesmo tempo
imerso na semântica de tudo...
nadando dentro de uma enorme bolha
de sabão
que solta
explode
quando se abre a porta...