Cor da noite

Cor da noite

Mesmo de olhos fechados sinto sua presença, o corpo despido de roupas mas coberto de líquido da vida. A pele anestesiada após tanto açoite, mas a alma pede clemência em tom de choro

Já não pode ficar de pé, os olhos se quer consegue abrir, banhando de sal grosso és, não se sabe ao certo:

É para curar, ou para ferir?

Largado à própria sorte junto com os seus,todos exalam forte o aroma de quem sofreu.

Vende-se carne negra!

Quem dá mais, quem dá mais.

Suas vidas são avaliadas a preço de carne fresca nem um tostão a mais.

Marcados a ferro quente com brasão de quem os adquiriu, como bois em seus pastos assim eles os viram.

A marca desse tempo carregamos ainda hoje, o sofrimento que acarretam por nascer da cor da noite.