POEMA DO FEIJÃO

POEMA DO FEIJÃO

Ela estava catando feijão

e tirava as pedrinhas,

mas percebeu que também excluía

todos os feijões diferentes:

as descascados,

os separados em metades,

os enrugados,

os descorados,

os cortados,

os deformados,

os de cor diferente.

Foi separando e se angustiando.

Fez mentalmente uma comparação com a sociedade atual:

— não é isso que todos os dias se faz?

Ela juntou tudo de novo no alguidar

e cozinhou o feijão

mais justo de todos os tempos.

Poema publicado no livro SEMÁFORO ESCANGALHADO NO AMARELO — em estado constante de alerta poético, 2023, edição da autora KLARA RAKAL, disponível.

Klara Rakal
Enviado por Klara Rakal em 05/01/2024
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