Culpa?
Por às vezes sinto cheiro de pólvora e, quando há receio,
Lembro do banco quente da viatura;
Quando há medo, do tom de ódio do desconhecido;
Quando não durmo, há vontade de gritar
E ao dormir, sinto desejo de não voltar.
Eu pudera ter culpa, como queriam que eu tivesse,
Como fizeram quando puderam
E quanto acreditei que eu a tinha.
Eu apenas era uma criança,
Que o tom desmentia,
Para eles que não sentiam
Apenas "mais um".
Quisera ter pensado em brinquedos
Peão, pipa e derivados,
Mas, minha ingenuidade ficou presa aos alardes
Da sirene de alguns fardados.
Para tal texto, ausentes de cor verão culpa,
Paro o contexto, foi um pulo no escuro,
Ao brincar de nadar, me afoguei em desilusão,
Numa tarde de sol, me ensinaram
O que é ter cor
E hoje, me cobram
compaixão.