Culpa?

Por às vezes sinto cheiro de pólvora e, quando há receio,

Lembro do banco quente da viatura;

Quando há medo, do tom de ódio do desconhecido;

Quando não durmo, há vontade de gritar

E ao dormir, sinto desejo de não voltar.

Eu pudera ter culpa, como queriam que eu tivesse,

Como fizeram quando puderam

E quanto acreditei que eu a tinha.

Eu apenas era uma criança,

Que o tom desmentia,

Para eles que não sentiam

Apenas "mais um".

Quisera ter pensado em brinquedos

Peão, pipa e derivados,

Mas, minha ingenuidade ficou presa aos alardes

Da sirene de alguns fardados.

Para tal texto, ausentes de cor verão culpa,

Paro o contexto, foi um pulo no escuro,

Ao brincar de nadar, me afoguei em desilusão,

Numa tarde de sol, me ensinaram

O que é ter cor

E hoje, me cobram

compaixão.

Sávio Soares
Enviado por Sávio Soares em 21/12/2023
Código do texto: T7959222
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