Às vezes eu Rio, às vezes eu Morro

Alguma coisa acontece no meu calçadão

Uma Bossa de Copacabana com açúcar no pão

É que quando eu chego por aqui, o Cristo sorri

Dá dura a polícia bem certa de suas milícias

Há desgovernança que cerca todas as ilhas

Todavia, ainda havia a minha Sapucaí

Mangueira, Portela e toda a tradição

Alguma coisa acontece no meu calçadão

Mistura Cazuza e Bethânia, Cartola e João

Quando eu vi que gente da gente padece no morro

Chamei de Cidade Partida, maravilha ao oposto

É que Cabral acha feio o que não é seu governo

Nem tente agora sua redenção em Cosme Velho

O amanhã é só um museu para os novos militantes

E seus caminhos finos, estreitos, entre lapas e becos

Vem desde a Restinga da Marambaia

Aprendo a unir o trabalho com idas à praia

Porque pra mim é um preço e pra gringo outro preço

No jogo do bicho, a fezinha em Vila Isabel

Maraca lotado, um Fla-Flu são dois Sóis no céu

Quem viu Santa Monica e sobe por Santa Teresa

Terça acordo cedo, mas vou à Pedra do Sal

Seus botecos, verdadeiras festas, em plena Pavuna

Esotérica, de um social sem lógica, berço de samba

No pé, rock na veia e funk no quadril

Cássias e Nandos passeiam na sua Lagoa

E novos malandros já podem sambar na Gamboa